Branwen

O desespero faz parte da natureza humana. A ambição por viver mais, também. E de tempos em tempos, o comportamento humano chega a extremos para demonstrar que na essência, a natureza nunca se modifica.

E foi com esse intuito que, em um ato desesperado para salvar todo um vilarejo de um destino terrível, um bebê foi abandonado à própria sorte no mais impiedoso dos invernos.

O sacrifício, feito em nome da Raven Queen, tinha um objetivo simples: impedir que uma praga lançada pelos sacerdotes de Orcus surtisse efeito e transformasse todo o vilarejo em mortos-vivos. Os rituais para chamar a atenção da Deusa foram celebrados corretamente. No entanto, a vontade dos Deuses nem sempre atende às expectativas dos mortais...

No momento em que os ritos foram terminados e o bebê foi entregue ao inverno, a fria presença da Raven Queen foi sentida no coração de todos os habitantes do vilarejo. A maior de todas as bênçãos que a Deusa poderia conferir lhes foi extendida, e no dia seguinte, o vilarejo descansava, eternamente, em paz.

Com o tempo, o cheiro de morte já se espalhava por quilômetros, e um grupo de scouts de Winterhaven foi enviado para buscar notícias da região e descobrir o que aconteceu. Eventualmente, investigações foram feitas e o local do sacrifício foi encontrado. O bebê, no entanto, permanecia vivo.

De fato, a Raven Queen é impiedosa. Mas não é injusta... Assim, a criança foi levada para Winterhaven e entregue a uma família de camponeses, que decidiu criá-la. Sua conexão com o evento, com a Deusa e com o Inverno, no entanto, eram evidentes demais para serem ignoradas.

A menina gostava da neve. Esperava ansiosa o primeiro dia do inverno. Se sentia confortável no frio e parecia não ser tomada por qualquer tipo de emoção.

Um dia, ela simplesmente decidiu voltar para as montanhas e, sem dizer uma palavra, desapareceu. Anos depois, rumores sobre uma mulher que vaga pelos locais onde o frio é mais intenso começaram a se espalhar.

O frio, no entanto, não a incomoda. Ali, sentindo sua vida esvair-se, ela sente-se cada vez mais próxima de sua salvadora. Dessa forma, permaneceu nos picos mais elevados por anos a fio. Até que os ventos sussurram em seus ouvidos pela primeira vez. Eles traziam vozes que ela não conhecia, mas que lhe pareciam amistosas e confiáveis. Ela lhes deu ouvido e decidiu sair de seu exílio. Andou por alguns meses até chegar a seu destino: Thellenos.

O druida já antecipava a vinda da garota, e a recebeu com respeito, mas com ressalvas. O inverno anunciava sua chegada, mas o Balanço não era perfeito e harmônico em sua alma. Ele a ensinou a ouvir os relâmpagos, a falar com as árvores, a ser uma com os animais e a sentir os elementos.

Os ensinamentos de Thellenos a trouxeram enorme paz de espírito. No entanto, a busca por um sentido maior e uma conexão com sua Salvadora lhe atormentavam. O inverno, mais uma vez se aproximava, e era hora de deixá-la partir. Sentindo que a garota não estaria completa se não aprendesse por si só, o Druida deu seus ensinamentos por encerrados e a batizou, finalmente, de Branwen, que significa "fair raven".

Thellenos encontrava-se em uma situação complicada. O caminho para a Shadowfell que o druida conhecia poderia ajudar muito sua aprendiz a aproximar-se de sua Deusa e, quem sabe, acalmar seus anseios. No entanto, é um local um tanto quanto perigoso demais para que ela fosse sozinha e desacompanhada.

Mas a resposta para seu dilema não demorou para aparecer...

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